“A profissão está evoluindo e nós, jornalistas, temos que evoluir com ela”, diz Lucas Ohara, alumni ESPM

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Lucas Ohara vive hoje na Costa Rica, para a realização do projeto “Passaporte Globo”, sobre os países da Copa do Mundo da Rússia (foto: arquivo pessoal)

Bernardo Campos – 1º semestre de Jornalismo

O DONC entrevistou Lucas Ohara, formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM-SP e que atualmente trabalha como jornalista da Rede Globo. Nessa entrevista, concedida por smartphone da Costa Rica, onde reside atualmente para o projeto “Passaporte Globo”, sobre os países da Copa do Mundo da Rússia. Na conversa, ele conta um pouco sobre sua formação, seu início no jornalismo, a ESPN, a correspondência internacional pela Globo e também dá dicas para os futuros jornalistas.

DONC- Como a ESPM e a TV Pixel te ajudaram na sua formação profissional?

Lucas Ohara- Para mim fez toda a diferença. Eu me formei em publicidade e propaganda, e não em jornalismo. A ESPM te dá todas as ferramentas para quem quer trabalha com comunicação ou produção audiovisual. Se você tiver vontade/afinidade com a profissão a faculdade te dá um incentivo muito grande. A Teve Pixel mexeu com lado que não conhecia, eu sempre gostei de fazer vídeos para o youtube, assistir teatro e cinema e trabalhar com entretenimento de forma abrangente. E na TV foi onde realmente puis a mão na massa, mexer com câmeras, e de certa forma grosseira, brincar de jornalismo. Durante as Economíadas fiz um jornalzinho, entrevistava jogadores e narrava os jogos. Era tudo meio uma brincadeira, mas isso despertou um interesse, uma pulga atrás da orelha de trabalhar com jornalismo e essa parte de audiovisual. Enfim a Tevê e a faculdade foram importantes pois me incentivaram e deram ferramentas que mesmo eu me formando em propaganda acabei não encontrei barreiras na área que eu escolhi.

DONC- Você poderia falar como foi o início de sua carreira como publicitário no Naked na Vila?

Lucas Ohara- É uma agência de propaganda, eu entrei lá como estagiário em 2012 e saí de lá em 2015, onde me tornei redator. Eu e alguns amigos desenvolvemos um projeto chamado Hostel na Vila, que foi patrocinado pela Skol onde os gringos vinham e podia se hospedar de graça na Vila Madalena durante a Copa do Mundo de 2014. Mas para serem selecionados eles tinham que apresentar um projeto que tentasse resolver algum problema da cidade de São Paulo. Eram 20 gringos por semana, entrevistei todos por Skype. A cada semana uma pessoa relacionada a algum órgão municipal passava um briefing com algum problema para eles solucionarem, relacionada a turismo, infraestrutura e social. Eles se dividiam em grupos e tinha uma dinâmica de workshop pela manhã, e eram liberados para assistirem os jogos e tinha cerveja a vontade.

DONC- Você e mais dois colegas iniciaram a ESPN e-sports, como você chegou até a emissora e de onde veio essa iniciativa? Você sempre curtiu games?  

Lucas Ohara- Todo mundo que é da área de jornalismo sonha em seguir no meio e trabalhar numa grande emissora, na minha carreira eu sempre fiz caminhos bem longos (risos). Eu estava trabalhando como redator, mas já estava cansado da publicidade e pensando em produzir outros tipos de conteúdo que faziam mais meu estilo. A minha chefe me arrumou uma vaga numa agência nos EUA e eu estava conseguindo tirar o visto de trabalho.  Aí foi quando a dona do Naked na Vila me ligou dizendo que tinha um amigo que era da ESPN e tinha uma vaga que era a minha cara. Fiz a entrevista, o pessoal me adorou e entrei no canal como gerente do HUB, que é um grupo de redes sociais da emissora. O HUB era uma novidade no portal e o canal estava pensando em criar um projeto de E-Sports. Como eu era jovem e gosto de games eles me chamaram juntamente com dois colegas para assumirmos essa área de games no site da ESPN.

DONC- O que você acha do crescimento do e-sports atualmente. Você vê com bons olhos os times profissionais estarem criando equipes de competição?

Lucas Ohara- É muito relevante para o cenário o investimento que os clubes dão, pelo grau de importância que eles têm e pela mídia que chamam para o mundo dos games. Mas na minha opinião eu não gosto de ter equipes de futebol se misturando com equipes de Counter Strike, Overwatch e outros. Eu gostaria que fosse um mundo paralelo ao esporte tradicional, não queria ter que torcer para o meu time do coração num campeonato de e-sports.

 

DONC- Você trabalhou como apresentador de dois programas de E-sports na ESPN. Como foi essa experiência como apresentador?

Lucas Ohara- Sim, foi uma grande experiência. Quando lançaram os programas de e-sports não tinha quem apresentasse, porque os apresentadores mais experientes não sentiam confortáveis. Os meus chefes me pediram um piloto pois já tinha visto vídeos meus do youtube e da época da Tevê Pixel. Eles gostaram demais desse piloto e foi nesse momento que eu me liguei que estava indo mais para o lado de jornalista/apresentador. E com o tempo fui melhorando, apresentando o Matchmaking e o Multiplayer. E já no final do meu período na ESPN já fazia aparições em lives e fiz o especial de 100 dias para a copa com José Renato Ambrósio.

DONC- Em 2017, você se inscreveu para participar do Passaporte Globo para cobrir os países participantes da Copa do Mundo, você pensou desde o início que seria selecionado?

Lucas Ohara- O processo do Passaporte Globo é muito divertido apesar de ser muito trabalhoso, ele dura praticamente 5 meses desde inscrição até a seleção final. Você tem que enviar um vídeo falando sobre você, mostrando sua capacidade de oratória e habilidade de captação e edição de vídeo. Outra coisa que eles procuram são novas áreas de atuação do jornalismo. A entrevista final foi bem tensa pois estava sentado com grandes referências da profissão, mas acabou dando tudo certo e fui selecionado. Eu sempre estive muito confiante, talvez porque tive 1 ano e meio de experiência na ESPN e estava de certa forma bem seguro e muito bem preparado. A formação que nós temos na ESPM ajuda muito pois você se torna uma pessoa plural com bastante repertório diferente de jornalismo. No meu caso como sou formado em PP não tinha experiência em escrever matérias jornalísticas. O que acabou não sendo problema pois sabia mimicar qualquer tipo de linguagem através da publicidade.

DONC-  está cobrindo a Costa Rica, qual a expectativa do país para Copa?

Lucas Ohara- No Panamá, o pessoal está bem feliz que eles vão pela primeira mas não estão com grandes expectativas. Já na Costa Rica é um pouco diferente devido a campanha de 2014 quando eles chegaram até as quartas de final, saindo invictos e eliminando campeãs mundiais como Itália, Inglaterra. A torcida sabe que é muito difícil eles repetirem a campanha, mas os costarriquenhos são sempre muito confiantes. O tour da taça é dividido em 3 micro eventos, dois para a imprensa e um aberto ao público. A chegada da taça na cidade, quando o presidente do país recebe a taça e o evento para a imprensa onde são realizadas entrevistas e palestras. O tour da taça aberta a população é organizado pela Coca Cola, onde tem atrações que deixam que deixam o país no clima da Copa do Mundo.

DONC- Quais dicas você pode dar para os futuros jornalistas?

Lucas Ohara- A comunicação como um todo está mudando e com o jornalismo não é diferente. Não estou dizendo que o jornalismo tradicional vai acabar, mas o jornalista moderno tem que ser plural. Ele deve saber escrever um texto jornalístico, capaz de ter um olhar diferenciado para fazer a própria captação. A minha dica é abrir a cabeça, sair da mesmice e produzir conteúdo diferenciados. Quanto mais plural você for mais chances e oportunidades você terá por ser mais versátil. Pois a profissão está evoluindo e nós, jornalistas, temos que evoluir com ela.

 

 

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