O DONC conversou com Flávio Ferreira, repórter da Folha de S.Paulo, e com Marina Iemini Atoji, gerente-executiva da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), para saber o que o estudante de jornalismo com interesse na área precisa conhecer.
Segundo Flávio, o jornalismo investigativo se diferencia pela sua característica de fazer apurações de médio e longo prazos. Ele argumenta que todo jornalista deve buscar informações além das oficiais. Marina acrescenta que paciência e criatividade ajudam. “Esse profissional precisa ser minucioso nas apurações, desconfiado sobre a veracidade das informações que recebe, sobre o que está sendo dito ou deixando de ser dito, sobre as próprias convicções”, afirma.
Flávio também comenta que esse tipo de jornalismo deve ser, antes de mais nada, uma iniciativa do repórter, que tem que conversar com seu editor para negociar a administração de tempo. Marina diz que existe um problema em relação ao mercado, pois com as redações sendo enxugadas e os profissionais restantes assumindo cada vez mais pautas e funções, existe uma dificuldade maior em concretizar investigações mais aprofundadas, por falta de tempo ou mesmo de espaço.
O repórter da Folha afirma que o estudante que desejar seguir esse tipo de carreira deve procurar cursos específicos e acompanhar iniciativas da área como o Panamá Papers (investigação que contou com a participação de jornalistas de vários países do mundo e que revelou contas secretas de personalidades públicas em paraísos fiscais).
Marina ressalta a importância de o aluno se dedicar à própria graduação em jornalismo, além de procurar por cursos específicos de jornalismo de dados, checagem de fatos e uso de informações públicas. Flávio indica os cursos da Abraji de jornalismo de dados e de investigação patrimonial, que trata de métodos para verificar a evolução de bens de empresas.
Marina comenta ainda o risco que os profissionais têm de sofrer algum tipo de violência, especialmente para os que estão fora dos grandes centros e da grande imprensa. Ela citou a relevância de leituras de qualquer tipo para jornalistas de qualquer área e a importância de praticar, refletir e debater sobre a atividade.
Aline Chalet – 1º semestre de Jornalismo