Novos modelos de portfólios interessam ao mercado de trabalho

Uma das dificuldades enfrentadas na hora de procurar um emprego é a criação de um portfólio. Nele, diferentemente do currículo, as produções do candidato não são apenas citadas, mas sim, expostas. Patrícia Gil, professora de comunicação corporativa e ex-sócia do Grupo Máquina PR, afirma que, se não houver alguma indicação do profissional dentro da empresa, o portfólio passa a ser a principal porta de entrada. Nesse processo, tanto o conteúdo, quanto a forma possuem extrema importância.

O mercado de comunicação não exige nenhum modelo específico de portfólio, a única preferência é pela inovação. De acordo com Patrícia, os profissionais ficaram “engessados” em um modelo tradicional e conteudista, deixando de produzir formas diferentes que digam mais sobre suas capacidades. Lucrécia Freitas, jornalista e coordenadora da revisão de conteúdo do Grupo Pão de Açúcar, afirma que os modelos que mais marcam são os relacionados à internet, com pontos interativos e textos que remetam a imagens. Ela afirma, porém, que é necessário ficar atento quanto à participação do profissional nos conteúdos apresentados. “Já vi peças incríveis em portfólios em que o candidato à vaga só tinha feito o sumário”, conta.

Uma ideia diferente que vem sendo adotada por alguns comunicadores, principalmente os jovens, é utilizar as mídias sociais como formas de portfólio. A atitude requer ousadia e divide opiniões. Para Lucrecia, se o candidato não tiver nome no mercado, essa medida não leva vantagens para a empresa que irá contratá-lo. Por outro lado, Patrícia acredita que as mídias sociais podem ser interessantes nesses casos, mas alerta que é preciso saber se adaptar ao meio virtual e utilizar a linguagem adequada à plataforma.

Alguns jovens arriscaram e deram certo, como Rodrigo Neri, jornalista, que utiliza a rede social Tumblr. Neri começou a escrever suas crônicas nessa mídia apenas para organizar seus textos, mas acabou utilizando o perfil como portfólio e foi contratado. “Isso foi um sinal para quem estava fazendo a seleção que eu escrevia por prazer e não apenas para passar de ano ou tirar nota na faculdade”, conta.

O jornalista Rodrigo Neri inovou ao usar o Tumblr como portfólio  Imagem: Reprodução da Internet
O jornalista Rodrigo Neri inovou ao usar o Tumblr como portfólio Imagem: Reprodução da Internet

 

Outro que resolveu inovar foi o Lucas Gini, publicitário. Além de uma página no Behanceimportante plataforma de portfólios virtuais, e no Tumblr, Gini utiliza o Instagram como forma de mostrar seu trabalho. O publicitário acredita que as redes tiveram impacto positivo pelo fato de “mostrarem mais estudos e projetos pessoais, não-comerciais”.

Lucas Gini ousou ao apresentar seus trabalhos em uma rede social popular Imagem: Reprodução da Internet
Lucas Gini ousou ao apresentar seus trabalhos em uma rede social popular Imagem: Reprodução da Internet

O estudante de jornalismo Gabriel Wainer também inovou, mas de forma diferente. Com 16 anos escrevia para uma revista chamada “Kzuka” e possuía um blog no site dela. Mostrou suas produções e conseguiu o emprego que buscava. Em uma conversa com seu chefe, descobriu que só tinha sido contratado graças ao conteúdo das páginas. “Eu apresentei os links porque eram o único portfólio que eu tinha na época”, comenta.

Mesmo jovem, Gabriel já publicava seus textos na revista Kzuka  Imagem: Reprodução da Internet
Mesmo jovem, Gabriel já publicava seus textos na revista Kzuka Imagem: Reprodução da Internet

Outro modelo interessante é o e-book. O livro digital se mostra um modo interativo e organizado de apresentar suas produções. Pedro Vó, designer, utiliza essa plataforma e afirma “eu considero o e-book a interface mais bonita para se apresentar trabalhos e, por isso, foi a que eu escolhi para ser meu portfólio de fato”.

Pedro Vó utilizou sua criatividade para montar seu E-book Imagem: Reprodução da Internet
Pedro Vó utilizou sua criatividade para montar seu E-book Imagem: Reprodução da Internet

O publicitário Pedro Kastelic optou por um website. Este, além de dinâmico e organizado, possui um espaço descontraído em que Pedro fala sobre si mesmo. Para ele, a beleza, a organização e a facilidade para navegar são fundamentais e completa: “o portfólio é a vitrine de quem trabalha com criação, não adianta ter um bom produto se ele fica escondido. E aí uma vitrine bem organizada e bem pensada mostra a dedicação e o interesse do profissional”.

Pedro Kastelic criou um site dinâmico e com fácil navegação Imagem: Reprodução da Internet
Pedro Kastelic criou um site dinâmico e com fácil navegação Imagem: Reprodução da Internet

Dicas para um bom portfolio

– Para os iniciantes, é fundamental criar um espaço para produzir, buscar se desenvolver sobre um tema e elaborar conteúdos de seu gosto.

– Focar naquilo que foi produzido por você e no que interessa à empresa e ao cargo. Não adianta colocar projetos em que sua participação foi pequena ou que nada têm a ver com a vaga desejada.

-Não ter medo de falar -mesmo que muito- sobre o projeto e sua elaboração, apresentando os objetivos com que foi criado. Para isso, as informações devem estar claras e organizadas, de modo que o contratante não se perca.

– O visual do portfólio diz muito sobre o perfil do profissional, portanto, é importante explorá-lo bem. Patrícia Gil disse que “as empresas querem ser surpreendidas”. Criar modelos virtuais e interativos pode fazer a diferença.

Beatriz Consolin (2º semestre de Jornalismo)

Fernanda Giachini (2º semestre de Jornalismo)

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