Quem não é da profissão imagina que um jornalista seja aquela pessoa que trabalha em uma redação de um grande jornal ou um repórter de televisão. Entretanto, com a revolução na área de comunicação o mercado ficou mais restrito, e o jornalista teve que se adaptar as transformações. Um caminho encontrado por alguns profissionais é o do empreendedorismo.
A equipe do DONC conversou com Léo Arcoverde e Emilio Coutinho, criadores pelos portais Fiquem Sabendo e Casa dos Focas, dois exemplos de que os termos “empreender” e “jornalismo” combinam.
O jornalista Léo Arcoverde é responsável pelo Fiquem Sabendo, que é um site independente de jornalismo de dados. Mas antes de ter o próprio meio, Léo esteve presente no jornalismo tradicional. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ele começou sua carreira em 2004 ainda na faculdade e passou por importantes veículos como Correio Braziliense, Lance, Estado de Minas e Agora. Atualmente, trabalha na GloboNews.
Entretanto, ele afirma que não se sentia completo com o que estava fazendo. “Em 2015, eu uni a insatisfação do que eu estava fazendo no Agora àquela altura com a vontade de fazer algo diferente voltado para a transparência e baseado na Lei de Acesso à Informação, que é com que eu trabalho até hoje”, conta.
Jornalismo e transparência
O site foi fundado no dia 26 de maio de 2015 e está no ar até hoje, mesmo não sendo atualizado com frequência –a última publicação é de julho de 2017. Ele apostou em algo que unia jornalismo e transparência, com o objetivo de tentar preencher uma lacuna que via no mercado.
O jornalista Léo Arcoverde, do site Fiquem Sabendo. Foto Reprodução
“Embora nunca tive uma receita de publicidade, sempre tive parceria com o UOL de conteúdo. Eu consegui até emplacar minhas matérias como as mais lidas, já por carregar esse apelo de exclusividade”, diz. De acordo com Léo, o projeto do site era publicar uma matéria por dia útil. O jornalista sempre tocou o Fiquem Sabendo praticamente sozinho.
Mas, quando recebeu o convite da GloboNews, teve que deixar o site em stand-by. Ele começou a trabalhar na emissora em novembro de 2016 e é curioso pensar como seu empreendimento o ajudou a chegar a um importante veículo de jornalismo. “Eu fui para a GloboNews devido ao site que criei. É interessante falar sobre isso porque eu voltei ao jornalismo tradicional devido ao empreendedorismo”, afirma.
Portal para estudantes
Outro jornalista que empreendeu foi Emilio Coutinho, fundador do portal Casa dos Focas. Após se formar em Teologia e em Filosofia decidiu fazer Jornalismo. Quando estava no segundo semestre, em 2012, na FIAM, criou o site. “Foi uma iniciativa que eu tive quando estava estudando e queria mostrar meu trabalho. Vi que as portas não se abriam da maneira que eu imaginava, então criei meu próprio espaço”, lembra.
Emilio diz também que se considera o verdadeiro gatekeeper (jornalista que seleciona o que vai ser publicado como notícia) do Casa dos Focas, que se define como o portal dos estudantes de jornalismo. Além de serem o principal público que acessa o site, os estudantes têm textos selecionados para publicação.
Após escrever em seu site sobre o caso da Escola Base e ter grande repercussão, Emilio desenvolveu um livro sobre o assunto. Então, assim como Léo Arcoverde, graças ao seu empreendedorismo, Emilio conseguiu alcançar e realizar outros projetos profissionais.
Atualmente, ele trabalha em uma agência de comunicação e leva o Casa dos Focas mais como um hobby, mas espera um dia poder viver somente de seu site. “É ali que eu me sinto um jornalista completo. Por isso tenho o desejo de tornar o Casa dos Focas cada vez maior, mas ainda não encontrei a chave para isso”, diz.
Para ambos os jornalistas, empreender foi o melhor caminho que fizeram por conta da visibilidade que seus trabalhos receberam. “Talvez se eu não tivesse feito o Casa dos Focas eu estaria uns 20 passos atrás de onde estou hoje”, afirma Emilio.
Kaique Vieira e Lucas de Abreu – 2º semestre do Jornalismo