Mônica Pinheiro e Guilherme Belarmino, chefe de reportagem e repórter do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, falaram com estudantes do 1º e 4º semestre do curso de Jornalismo da ESPM, no último dia 24 de março, em atividade organizada pelo professor Renato Essenfelder. Eles relataram experiências e comentaram sobre a prevenção na realização de reportagens de risco.
Os jornalistas comentaram a cobertura da chacina de Osasco e Barueri, em que 18 pessoas morreram em 2015, que recebeu o prêmio Vladimir Herzog. Eles falaram também sobre a apuração da fraude nas merendas para escolas públicas do Maranhão. Destacaram quais cuidados um repórter precisa ter para enfrentar as diferentes situações do processo de investigação jornalística.
“Tem atitudes que a pessoa acha que está trabalhando para a sua própria segurança e erra”, disse a chefe de reportagem. Segundo ela, no caso de matérias com alto risco como a de Osasco, a questão da segurança é muito discutida.
“Chegar com uma câmera já interfere na cena. Três pessoas, mais um segurança do lado… acabou a cena, a espontaneidade não existe mais. Então não adianta ir nessa situação”, afirmou Mônica Pinheiro. Ela complementou que no Globo Repórter são utilizadas câmeras menores, para chamar menos atenção, até mesmo por respeito quando o caso envolve mortes.
Foto: Julia Morita
Mônica Pinheiro e Guilherme Belarmino respondem perguntas dos estudantes
Guilherme Belarmino citou a reportagem sobre o desvio de dinheiro das merendas escolares na cidade de Barreirinhas, no Maranhão. “Nós fomos e mostramos que lá não tinha merenda. Quando fomos ao depósito, a prefeitura ficou sabendo. Na cena seguinte, já tinham colocado comida lá para mostrar que tinha… aquela coisa de sempre”, contou.
O repórter complementou que existem ainda situações de perigo que acontecem em cidades pequenas. Nesses locais, há pressão das autoridades investigadas, que têm contato com muitos moradores. Estes acabam passando a informação para elas.
“Quando estamos em um hotel, trabalhamos em sigilo, e o pessoal nega que estamos hospedados. Mas nesse caso houve uma troca de turno e quando a gente chegou o cunhado do prefeito estava nos esperando”, disse, referindo-se ao caso de Barreirinhas.
Os jornalistas ainda destacaram como a sensibilidade e a ética são necessárias. Por exemplo, não é recomendável omitir que é jornalista. “Quando você mente para alguém e a pessoa descobre, isso dá muito problema para gente”, disse.
Mônica destacou que o trabalho em equipe e a confiança são essenciais. “A gente tem uma regra nossa: a equipe em geral são três pessoas, se uma delas acha que a situação está insegura, então volta todo mundo. A gente tenta não deixar de fazer essas coisas, às vezes a gente tenta driblar essa questão.”
Eduardo Moreira (1º semestre de Jornalismo)
Julia Morita (1º semestre de Jornalismo)