Para aquelas pessoas que se estressam todos os dias da semana devido a longas jornadas de trabalho, há algo melhor que algumas horas relaxando, fazendo-se aquilo que gosta? Hobby é uma palavra americana e é definida pelo dicionário Oxford como uma atividade feita regularmente em um momento de lazer que resulte em prazer.

Ao praticar essa atividade, nos “desligamos” do mundo, deixando de lado a noção de tempo. Esse fenômeno é conhecido como Fluxo (do inglês Flow), e foi proposto pelo psicólogo italiano Mihaly Csikszentmihalyi. Segundo ele, durante essa atividade, que é recompensadora e acaba por não exigir esforços, a mente entra em um processo de total imersão e envolvimento no que está fazendo. A consciência foca apenas nisso.

Eloisa Martin, 51, funcionária pública, pratica vôlei há 40 anos e tem a atividade como um hobby. Para ela, seu dia é muito melhor quando ela pratica o esporte. “Muitas coisas que a gente faz é por obrigação e só faz porque precisa, como passar o dia todo no escritório resolvendo problemas. Se você tem um hobby, aquilo é feito por puro prazer. Seu dia a dia passa com muito mais satisfação”, conta.

Marcela Minhoto, psicóloga especializada em Gestalt Terapia (uma prática psicoterápica que envolve os conflitos humanos), reforça a importância do hobby na vida de um profissional a partir do momento que a atividade é ligada à diversão. “Pode promover uma grande sensação de bem estar, distração, relaxamento, entre outros benefícios. Assim, o profissional consegue se desligar das atividades cotidianas, das tensões e do estresse”, diz Marcela.

Além do voleibol, Eloisa pratica outras atividades de seu gosto, mas sabe diferenciar o momento de trabalho e o de lazer. “Eu trabalho o dia todo. As atividades que me dão prazer eu procuro fazer fora dos horários de expediente. Por exemplo, o canto Coral se dá no intervalo do almoço. As atividades físicas são realizadas após o horário de expediente, à noite”, afirma. Conta ainda que, embora sejam cansativas, as atividades são prazerosas e lhe dão ânimo.

A profissão de repórter está entre as dez mais estressantes do mundo, segundo a CarrerTask, portal americano. Antônio da Rocha, jornalista, que exerceu a profissão durante anos e hoje é professor universitário, encontrou no futebol e na musculação um momento de relaxamento. Seu tempo livre é dividido entre a família e práticas esportivas. “Duas, três vezes por semana eu faço musculação, pedalo e corro. Jogo futebol uma vez por semana, às terças à noite. É a única atividade que eu pratico exclusivamente por gosto”, diz

Fora o prazer gerado pelo esporte, Rocha enxerga nas atividades físicas outros efeitos, como o físico e mental. “Normalmente, devido ao trabalho, chego muito cansado ao futebol. Porém, há um efeito colateral, ganho disposição, eu fico mais bem humorado, me desestressa. Sou naturalmente tenso, caso eu não praticasse, eu não renderia tanto profissionalmente”, afirma.

Entretanto, a prática do hobby pode interferir negativamente na vida de um profissional. Segundo Marcela, a atividade não pode se tornar uma obsessão. “Pode acontecer, caso o profissional passe a ter ideias obsessivas a respeito do hobby, ou seja, passar muitas horas do dia pensando ou realizando a atividade. Aquilo que que antes era um prazer acaba trazendo um sofrimento, pois a pessoa pode sentir-se escravizada pela atividade”, finaliza.

Thomas Aoki (3º semestre de Jornalismo)