
Dezenove horas e quarenta e cinco minutos. Esse é o horário em que o SBT Brasil vai ao ar. O telejornal, que existe desde 2005, tem como premissa ser puramente factual e o mais vibrante possível. O processo de produção do noticiário tem início sempre no dia anterior de sua exibição, quando o editor executivo reúne a maior quantidade de informações, de modo a filtrar possíveis pautas.
Para dar continuidade ao desenvolvimento do telejornal, há uma comunicação com as praças mais importantes da emissora: Belém, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.

Enquanto isso acontece, Mariana Alonso, chefe de pauta, faz uma breve reunião com sua equipe para discutir os assuntos que podem repercutir entre a sociedade. “Vendo pautas e, juntamente com a equipe de reportagem, divido entre os repórteres”, fala.
“O ponto máximo da preparação do jornal é a reunião de espelho. É nela que temos o desenho do noticiário do dia e dividimos aquilo com toda a equipe do telejornal. Essa reunião é crucial”, declara André Basbaum, editor chefe do SBT Brasil. Ele ainda explica que é nesse momento em que a estratégia de espelho é definida. A sequência das notícias é escolhida levando em consideração sua relevância. A briga pela audiência é outro fator significativo. “Normalmente, é preciso abrir o telejornal com a notícia mais importante do dia. Ele deve abrir com força. O telejornalismo é muito sensitivo”, afirma Basbaum.
Quer saber o que significa o termo espelho? Heidy Vargas, professora de telejornalismo da ESPM-SP, explica:

Com o espelho previamente definido após a reunião, os repórteres colocam em prática as suas respectivas pautas. “Precisamos estar sempre atentos. Às vezes vemos algo diferente acontecendo na rua que pode valer uma matéria para o jornal. É nesse olhar que podemos achar alguma coisa mais exclusiva”, comenta Carolina Aguaidas, repórter do SBT.

O trabalho dos repórteres é coordenado e definido pela chefia de reportagem. Thiago Ferreira, subchefe do segmento, escolhe as pautas de acordo com o perfil de cada profissional. “Nosso trabalho é agilizar o material dos repórteres e resolver as pendências. Além disso, vendemos outras pautas. Também dependemos muito da equipe da escuta, pois são eles que abastecem nossa informação” diz.

A escuta, departamento importante para o processo preparatório de qualquer telejornal, mantém contato com a polícia, bombeiro, CET e aeroportos, além da constante ronda com batalhões. Para isso, monitoram todas as emissoras de televisão, as rádios e as agências de notícias. “A escuta é o início de tudo. É daqui que saem todas as novidades e nasce a notícia”, revela Altivo Cassiano da Silva, chefe da escuta.
De olho no Relógio

Fim de tarde; correria. Vão ao ar os boletins. Ao vivo, esse espaço, que dá as principais manchetes do dia, prepara o telespectador para as notícias que entrarão posteriormente no SBT Brasil. Os boletins podem acontecer de meia em meia ou de uma em uma hora. Renan LaMarck, editor da área, fala das maiores dificuldades do informativo. “Não podemos perder o imediatismo, já que informamos o que está acontecendo de mais quente. O tempo é apertado; são cerca de 30 segundos”, cita.
Paralelamente à isso, acontece a gravação da previsão do tempo que entrará no noticiário. Anelise de Oliveira é a responsável por acompanhar as informações metereológicas, vindas da Somar, e separar os dados mais importantes. “Depois que eu preparo o texto, monto o mapa, edito e, aí sim, gravo. Como a previsão é muito rápida, é o resumo do resumo. Não dá pra entrar em muitos detalhes”, constata.

Em conjunto, auxiliando os trabalhos de toda a equipe, os estagiários do telejornal cumprem o dever do cargo tão comentado quando presente na boca dos estudantes de jornalismo. “Nós colocamos a mão na massa mesmo. Os estagiários daqui participam, de fato. Eu escrevo, edito, gravo as locuções das reportagens. Não é aquela coisa de ficar servindo cafezinho”, comenta Daniella Gemignani, estagiária do SBT Brasil.

Textos prontos, imagens capturadas. Chega a hora da edição audiovisual. As reportagens, para irem ao ar, necessitam dessa importante etapa. Cláudio Monoz, editor de imagem, passa o dia na mesma ilha de edição. Ao longo do expediente, recebe os jornalistas, que passam as devidas informações conceituais para uma melhor condução da edição do vídeo que será exibido no telejornal. “Nós reproduzimos em imagem o que é escrito pelo jornalista. Nossa função é contar uma história com as imagens”, fala.

De olho na TV
Dezenove horas quarenta e cinco minutos. Tudo feito, todos prontos. Diretor na cadeira, cameramen atrás das máquinas, âncoras na bancada. “Está no ar o SBT Brasil, com Joseval Peixoto e Raquel Sheherazade”, ouve o telespectador. Ouve, mas não conhece como tudo foi produzido.

Essa grande produção foi o que mais assustou Joseval Peixoto, quando entrou para a televisão. O atual âncora do telejornal, famoso pelo radiojornalismo, nunca imaginou a brusca mudança entre essas mídias. “Diferente da rádio, o âncora, da televisão, participa da produção. Depois de 50 anos de comunicação, só agora que estou começando a ingressar na parte de produção das matérias”, diz.
Para Joseval, a principal característica da televisão é o desespero pelo tempo e pela imagem. “É uma rede nacional. O profissionalismo aqui é tanto, que o sistema de contagem de tempo mede o tempo de cada letra. Quando vim para o SBT, me senti um robô no ar. Tive problemas de imagem e até de posições, além de ler a notícia correndo. Televisão é ritmo, ritmo, ritmo”, conclui.
Diferente do parceiro de trabalho, Raquel Sheherazade entrou no SBT Brasil carregando oito anos de experiência no jornalismo de bancada. Houve, assim, uma absorção de alguns hábitos diários. “A preparação do jornalista vem bem antes de chegar à emissora. A gente acorda ouvindo as noticias no rádio, vai para a televisão, vê o que está se passando no mundo. Quando chego, a primeira coisa que faço é abrir a pauta do jornal, que costumamos chamar de cardápio do dia”, explica.

O aspecto que acabou se tornando o diferencial, e muitas vezes polêmico, do SBT Brasil é a presença dos comentários feitos pelos âncoras. Após conferir as reportagens, Raquel conta que seleciona os assuntos mais chamativos para ela. “É o assunto que mais me toca e me emociona ou que me causa mais indignação. Por uma questão de segurança do próprio andamento do jornal, convencionou-se que nós faríamos o texto antes, para termos domínio do tempo, mas os comentários são feitos ao vivo”, afirma a âncora, dona de opiniões cada vez mais polêmicas.
São 45 minutos de histórias, notícias e reportagens, todas contadas ao vivo. Para Basbaum, essa transmissão da informação em tempo real é o que torna a televisão tão autêntica. “Sua grande riqueza e, talvez, o lastro de sua sobrevivência é o fato de ela ser ao vivo”, finaliza.